O que significa depressão, causas, sintomas e tratamento da depressão, identificando problemas associados, e o modo de a prevenir.


Tratamento da Depressão no Idoso

O tratamento da depressão no idoso tem por finalidade reduzir o sofrimento psíquico causado por esta enfermidade, diminuir o risco de suicídio, melhorar o estado geral do paciente e garantir uma melhor qualidade de vida. O tratamento da depressão, como também de outras doenças neuropsiquiátricas no idoso, constitui um desafio que envolve intervenção especializada. As estratégias de tratamento, comentadas a seguir, envolvem psicoterapia, intervenção psicofarmacológica e, quando necessário, eletroconvulsoterapia. O papel terapêutico da atividade física será analisado em item específico.
Inicialmente, há a necessidade da identificação de fatores que estariam desencadeando o surgimento de um processo depressivo, ou mesmo, agravando uma depressão já existente. Assim, é pertinente verificar se o paciente possui alguma doença clínica que esteja relacionada com a depressão e observar se o uso de algum medicamento (antiinflamatório, antihipertensivo, remédio para insônia, etc.) não estaria levando ao surgimento de sintomas depressivos. A seguir, convém investigar aspectos de natureza psicológica e psicossocial, como lutos, isolamento social, abandono e outros fatores que tendem a desencadear sintomas depressivos.
A intervenção psicoterapêutica, preferencialmente com profissionais especializados em idosos, ajuda a identificar os fatores desencadeadores do processo depressivo, contribuindo para a orientação dos familiares, dos cuidadores e do próprio paciente.
Atividades do tipo terapia ocupacional, participação em atividades artísticas e de lazer também têm seu papel no tratamento do idoso deprimido. A intervenção psicoterapêutica, particularmente indicada para idosos, é a modalidade denominada de psicoterapia breve. Esta modalidade, além de minimizar o sofrimento psíquico do paciente, ajuda o idoso deprimido a reorganizar seu projeto de vida. É uma terapia prospectiva, voltada para o presente e para o futuro,com duração, em geral, de seis meses.
Quando os sintomas da depressão colocam em risco a condição clínica do paciente e quando sofrimento psíquico é significativo, faz-se necessária a intervenção psicofarmacológica. Recomendam-se os antidepressivos de segunda geração, por constituírem medicamentos mais seguros para os idosos. A depressão não tratada coloca em risco a vida do paciente e eleva muito seu sofrimento, como visto anteriormente, não se justificando o não tratamento da depressão.
O tratamento psicofarmacológico da depressão no idoso depende essencialmente do perfil de  tolerabilidade do paciente em relação aos antidepressivos. Os ISRS (inibidores seletivos da recaptação de serotonina) constituem a primeira escolha, sobretudo, citalopram e sertralina.
Dentre os medicamentos desta categoria, estes dois têm sido os mais estudados na população idosa. Paroxetina e fluoxetina, além de outros menos comuns em idosos, como venlafaxina, também têm sido prescritos. Em geral, os antidepressivos tricíclicos não constituem a primeira escolha para pacientes idosos devido aos efeitos adversos, principalmente anticolinérgicos.
Quando necessário prescrever medicamento dessa classe, recomenda-se a nortriptilina, iniciando-se com baixas doses e com elevação cautelosa das mesmas.
Deve-se ter atenção para os efeitos adversos dos medicamentos prescritos e para o risco de interação medicamentosa. Devido à presença de várias enfermidades que comumente acometem os idosos, eles tendem a fazer uso de vários medicamentos, com risco elevado de interação medicamentosa com potencialização de efeitos adversos. Especialmente, deve-se evitar drogas que produzam ou potencializem efeitos anticolinérgicos, hipotensão postural, distúrbios do sistema de condução cardíaca e delirium. A associação do tratamento psicofarmacológico com psicoterapia tem demonstrado bons resultados.
Quando o paciente tem risco iminente de suicídio e uma resposta rápida é necessária, em quadros catatônicos que não respondem ao tratamento medicamentoso e quando o paciente não tem tolerabilidade aos psicofármacos, a eletroconvulsoterapia (ECT) constitui opção valiosa e segura para o tratamento da depressão. Eventualmente, podem ocorrer episódios de delirium e de distúrbios cognitivos, em geral transitórios. Cabe salientar que a eletroconvulsoterapia somente pode ser efetuada dentro dos parâmetros determinados pelo Conselho Federal de Medicina, entre eles, a realização do ECT em ambiente hospitalar, sob anestesia geral e com equipe especializada, respeitando-se a condição clínica geral do paciente. Consideram-se contra-indicações absolutas ao ECT os quadros de hipertensão intracraniana e a ocorrência de infarto agudo do miocárdio (3 meses) ou acidente vascular cerebral (6 meses). Obviamente, recomenda-se exame clínico completo do paciente e de laboratório antes da realização do procedimento, para verificar a existência de outras contra-indicações.